Imagino o hino do meteoro sonoro de sua unha carmim voando rápido pelo teclado marfim…
O piano não vejo, cores quem vê invejo, mas notas sim, notas de sino, notas ensino, sim!
Cego sou e serei, cego lida com som; siga a linda canção, sereia; acorde, piano, acorde!
Eu piano acordo sim, meus acordes farão o clima, e a rima; mestre merece sonho que tece.
Com minha vareta prata evito a valeta, nas trevas encontro a rota, sua horta, sua porta.
Treva sem lume, trovas sem nome, até o piano vou guiar-
Ouço seu caminhar, sem na vista registrar, um tapete se amassa, quando sua beleza passa!
Beleza que vistas penetrantes sabem afagar, minha triste mente tristemente vai imaginar.
Você senta-
Sem pedal deixo-
Longas notas a saborear, belos vales e montes iremos sobrevoar, basta dedilhar e sonhar!
Uma eternidade sem vê-
Da luz fugir, deixe-
No frio da madrugada, abandonada, solitária, note o silêncio, anote as notas no coração.
Elas trarão de volta à vida alegrias só nossas, e nossas novas vistas em sonhos estarão.
Na floresta florida, canários de ouro nos galhos gotejados de prata, em sonhos eu verei.
José Lázaro da Silva